
Já era de tarde quando eu fiquei pronto. Coloquei uma camisa branca por baixo e a tricolor número 4 por cima. A última vez que fui ver o jogo do flu, fiquei do lado de fora.
Chegando na rodoviária, encontrei um amigo flamenguista e disse pra onde ia. Lógico, era meu primeiro jogo no Maracanã.
Paramos na lanchonete compramos um biscoito... Minha ansiedade era meio-a-meio com o otimismo. Medo ficava lá no fundo não procurei ele.
Entro no ônibus me acomodo na janela... Um frio danado pelo ar condicionado. Chegando no Rio a felicidade toma conta... É inegavelmente uma cidade que eu adoro.
Lanche, banheiro, taxi... Chegamos. Av. Radial Oeste, Maracanã. Já é noite eu não consigo nem me preocupo em pensar o quanto vai demorar pra entrar. A fila foi rápida, e com o ingresso no bolso, fui andando... Aqui (re)começa essa história.
A palavra que me vem a cabeça é 'batismo de fogo'. Li uma vez no jornal e acho que é o que se encaixa no momento.
Subi uma das rampas Sagradas: a do Belini. Ouvir o hino tocar foi sim o sinal de que era a minha vez. Estava no estádio que transpira história por seu cimento, por sua tinta, por seu gramado.
Andando, andando, andando, andando... Chegamos na entrada da arquibancada Amarela. E ai sim, eu quase chorei. Não teria problema chorar, mas a emoção veio junto com o deslumbramento.
Achamos o lugar pra sentar... e deslumbrados com o campo gigante.... Não encontrei meu amigos da Arena, infelizmente. Depois fui saber que estavam a 100 metros de distância. Uma miséria para o tamanho do Maracanã.

E então... Eu vi... estava dentro da festa. Daquela festa que eu vi e sempre admirei pela tela da TV: O pó de Arroz. Passou voando por mim. Eu estava lá... Emocionante.
E então o jogo começou. E entendi porque Nelson Rodrigues comentava o Além em seus textos. Existe algo mágico no jogo do Fluminense em casa. Mágico. Os detalhes que a Tv nos trás nos fazem perder essa magia. Seria muito mais emocionante um jogo sem narração, e sem 54 câmeras filmando todos os detalhes. Pois é assim um jogo de verdade.
Foi emocionante, foi assustador quando o Cruzeiro atacou. Mas o primeiro tempo acabou morno. E fui eu fazer mais uma marca da torcida: Mudar de arquibancada: De uma Amarela para a outra do outro lado. E fiquei atrás do gol de Fábio...

E no momento que o Fluminense estava PIOR, repito PIOR no jogo, eu vi os Deus do Futebol se manifestarem na minha frente. Escanteio pro Flu, Conca na cobrança e Leandro Euzébio, que estava muito mal na partida fuzilou o gol... Foi só um nano-segundo pra respirar e berra GOLLLLLLLLLLLLLLLLLL!!!!!! Mais rápido saquei o Celular eu filmei a festa da torcida:

E mais festa com O Show Tá Começando:
Confesso: A mim o jogo desligou na hora da gol até parte do fim. Eu não saberia descrever lance nenhum. Até porque sai um pouco antes do fim para poder pegar o último ônibus de volta a casa.
Nada nem sair antes me tirou a felicidade de estar ali. Eu diria que é impossível descrever o que eu senti naquele momento. Mas aqui eu tentei pelo menos.

Cheguei a rodoviária e vi o fim do jogo. Chegamos aos 46... Eu, meu pai, meu irmão... Nos abraçamos e ali eu agradeci a Deus. Não estava lá quando agradeceram a torcida, mas eu me senti honrado por ter estado ali. Por saber que era pra mim também aquele agradecimento.
E dentro do ônibus de volta vendo vários caros com motoristas com camisas de três listras nas mangas eu pensava em cada detalhe do jogo... Mas só ficava na cabeça a emoção sentida.